sexta-feira, 25 de julho de 2008

Água de beber

Meus nativos favoritos,

Confesso que sucumbi e cai na tentação, fui a brazilian party! E ainda por cima duas vezes. Ok, as idas foram mais pela confraternização universal em si do que pela festa. Não sei se já comentei isso antes, mas essas festas são absurdamente famosas aqui e ocorrem sempre as quintas-feiras. Todo mundo já foi e aquele que ainda não foi, irá. É batata! (expressão anos 80 super-aplicável-e-ornando ao momento).
Como toda semana, tinha combinado de encontrar a Borat na última estação do Luas. Fui com o francês, já que ele iria também encontrar seu clã (um irmão, um amigo e uma amiga - todos franceses) para ir ao cinema. Também como toda semana, estava atrasada, mas dessa vez dei a sorte da Borat ainda estar esperando por mim. Como a festa é famosa e todos a querem, os franceses já estavam todos na estação esperando pelo último membro na trupe com o destino alterado. Agora iriam também para a tal da brazilian party, onde as noites são selvagens! hahaha...É quente e úmido, só nesse aspecto se aproxima do selvagem. Talvez seja uma tentativa infeliz de recriar o clima beira-rio-amazônico aqui. Sinceramente não sei. Enfim...ventiladores já me deixariam feliz.
Numa pureza quase angelical pensei, ainda que por um minuto, que talvez fosse me sentir acolhida. No meu lar. Não, não senti. Aliás, ainda bem que não senti. Coloquei esse agradecimento nas minhas preces diárias a la Theo. É quente, mas muito quente. Agora imagina um lugar naturalmente quente e sem ventilação, lotado de gente. Agora imagina que toda essa gente é européia. E agora imagina que nem todo europeu toma banho. Pois é! Como anunciaram MPB, você espera MPB. E sim, v. tem MPB no seu sentido mais pé da letra: música popular do Brasil. É tão popular, mas tão popular que toca axé. Agora imagina todo mundo dançando. Imagina também aquela massar de ar quente se deslocando para os lados - indo e vindo. Agora imagina que todas as coreografias prontas tem a infelicidade de manter boa parte do tempo as mãos e os braços para cima. Agora imagina que quem dança é europeu. Agora imagina que nem todo europeu toma banho. Pois é! Não é algo assim generalizado, mas dependendo por onde v. passa, se torna mais evidente. Diria que há focos.
Num primeiro momento, achei as músicas irritantemente ruins, mas daí tocou uns sambinhas e até umas MPB´s menos MPB´s e alguns forrós aproveitáveis. Já num segundo momento comecei a enxergar sob um novo aspecto, não tem preço que se pague ver esse povo dançando. E claro, as favoritas deles são as de axé ou qualquer coisa que os façam pular, já que eles não entendem bulhufas da letra. Aliás, se entendesse um talvez não dançassem. Foram momentos impagáveis. Obviamente, as meninas (Borat e a Manu) foram as primeiras a pedir que eu as ensinassem sambar. Estava inibida, tenho que dizer. Depois vieram os outros dois e mais um coreano* (sempre!) desconhecido-onipresente, e daí começou a luta. Mais uma vez me senti um ponto turístico. Sambamos pseudo-loucamente. Bom, houve a tentativa. Fiz as meninas dançarem forró com uns brasileiros, e dancei com um dos franceses. Divertido! Eles são muito entusiasmados, mas um desastre!...Depois de ver toda essa euforia franco-anglo-saxônica, começo a entender o significado de selvagem. Acho que eles encontram a luz nessas festas, e acredito que seja a primeira dança de muitos ali. Vale uma observação aqui. Todo mundo, sem exceção e sem exageros, vê o Brasil de maneira positiva. Amigável. Todos acham o país bonito, todos querem conhecê-lo -só acham a passagem cara e longe - e a primeira imagem é a mesma: música, praia, sol, festas e gente bronzeada e feliz (assim que surge o espanto quando digo que sou brasileira). Daí, para achar que essas festas são um oásis no meio da úmida Dublin é fácil. Outro momento culturalmente-frustrado-intenso foi a caipirinha. Logo que chegamos, contei a eles sobre a tal bebida e corremos todos para o bar, digo, as meninas. Os meninos aguardariam, pois segundo a lenda, meninas tem um paladar específico e incompátivel. Logo, pouco confiável (franceses!). Só que dessa vez tenho que admitir, felizes foram eles. Simplesmete h-o-r-r-í-v-e-l!!! A pior caipirinha que já tomei na minha vida. Pasmem, mas eles usam S-O-D-A para fazê-la! (nesse momento me ocorre um trocadilho materno com a palavra soda, mas o guardarei para mim). Senti a tal da vergonha alheia. Eu lá toda serelepe me gabando da bendita caipirinha e foi aquela frustração. Soda + gelo + água + 3kg-de-limão + aroma-de-vodka-ou-cachaça (não foi o suficiente para distinguir). Carinhosamente a chamamos de "fake-kaipiryinha". E nos custou 5 euros.


!!!

Talvez nesse momento muitas cabecinhas estejam confabulando o que teria me levado de volta a esse submundo-perverso-canarinho. Acho que foi meu lado fraternal. A bye-bye party, que na verdade se chama well-fare party, do belga-francês teve como cenário escolhido a brazilian party. Na verdade, eu ainda estava um pouco traumatizada, e acho que nem ele estava muito entusiasmado. Foi algo decidido pelo grupo, eu acho, e não há bye-bye party se não houver para quem dizer tchau. Então, fomos. E como sempre, se tá no inferno, abrace!


beijos selvagens,
Ellen

*Coreano louco-onipresente: eu conheci essa espécime única na escola. Como coreano anda em bandos, o vi uma vez conversando com os meus asiáticos. Digo que vi, porque quando fui apresentada a ele, algumas coisas entre coreano e inglês foram balbuciadas e que podem-se resumir em "Há! Brasileira! Uhuu!!! Você é louca!!!". Em seguida, ele saiu correndo. Sempre o encontro perdido por aí, mas nunca mais me aproximei. Tenho medo.

4 comentários:

  1. Ellen,ainda bem que vc. não aguenta aquela caneca.Será?Oh dúvida cruel.O Andrew foi p/ a África? fazer o que Safari?Gostou da festa? Elas terminam tarde?Beijos saudosos.

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  2. BAD ELLEN!!!

    Teve seu castigo por procurar brasileiros... kaypiwrinya

    hahahah

    Oq será q é Fat Frog e Red Dragon???

    3x BAVARIA 10 euros???

    Coitados...

    Mas realemnte... eles dançando deve ser muito, mas MUITO engraçado!!! Deve ter aqueles lances de dobradinha de um joelho por vez e corpos de um lado pro outro sem sair muito do chão...

    hahahaha

    Melhor que isso só fazer eles lerem alguma coisa em português. Me divertia com os indianos aqui...

    beijos

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  3. "(...) se tá no inferno, abrace!" rsrsrs... Cuidado! Restrinja-se ao inferno europeu, ok Ellen? Não se empolgue muito com o mundo ninja... rsrrsrs

    É isso ae... Força Ellen...

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  4. Ahh, só um comentário geral já que mummy e Zezo tocaram no assunto. Aquela foto é de uma jarra de Guiness e não de uma caneca. Bom, dependendo da sede da pessoa até pode vir a ser uma, mas acreditem em mim, é muito grande. E minha mãe, confesso que a jarra era minha também, mas foi dividida.

    1- Zezo, não faço a menor idéia do que sejam essas bebidas. Sinceramente, a mim não me apetece beber coisas com nomes de animais de conto de fadas. Ainda mais depois de ter tomado uma caipirinha tão ruim em um lugar que ela deveria ser no mínimo boa. E sim, eles dançando são ótimos. Tenho que se justa, a francesa dança muito bem até.

    2- hahaha...Marcelinha, haja força!

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