quarta-feira, 26 de novembro de 2008

I can fly

Semana passada fui ao meu primeiro museu desde que cheguei. Não sei se isso é bom ou ruim, mas até então não tinha sentido falta. Até tentei ir uma vez ou outra, mas sempre algo me impedia. No entanto, quinta-feira passada surgiu a oportunidade: atividade extra-classe da escola com a economia de 8 euros da entrada. Ou seja, por que não?! Nunca fui nessas coisas de integração. Aliás, esse tipo de psicologia do vamos-dar-as-mãos me causa calafrios. Só que essa idéia do desbravar coisas novas prevaleceu e lá fui eu. O destino escolhido foi o Dublin Writers Museum, e como o nome sugere, é sobre os escritores irlandeses. Só sei que se antes eu tinha calafrios, agora entro em colapso só em ouvir falar nessas atividades grupais-enriquecedoras. Estávamos em umas 15 pessoas, sendo a maioria (leia-se 12 deles) novos alunos basicamente vindos da Itália. Entre nós havia também uma mulher alteradíssima chamada de guia. O tempo de até chegarmos no museu foi um dos mais eternos da minha vida. Ela louca, alterada, de voz fina, gritava aos quatro cantos que não tinha voz para falar (?!). Assim que descemos do ônibus (convencional, ok?), nossa guia desesperadamente nos avisou para protegermos nossas bolsas e pertences, pois estavamos agora do lado norte da cidade (vulgo, o lado violento de Dublin). Pelo amor! A gente só estava um quarteirão acima do rio Liffey (não sei se já mencionei isso antes, mas ele divide a cidade em lado sul e norte). E eu digo e repito, é impossível Dublin ser selvagem assim. De qualquer maneira, todos os italianos agarraram violentamente suas coisas e andaram aterrorizados pelas ruas. É o preço por ser novo. A tortura durou pouco, pois assim que chegamos todos se dispersaram, cada um com seu audio guide, e a guia foi embora (???). O museu em si foi um pouco decepcionante. Não era de um todo ruim, mas nada de especial. Culpa da tal expectativa. Afinal, estamos na terra de grandes escritores. Ainda bem que não paguei a entrada, não vale os 8 euros. O prédio em si vale muito a pena. É uma mansão do século 18. Bem bonito. Não sei se está no seu estado original, mas ainda assim merece ser visto. Fora as coisas normais que se tem em um museu, o ponto alto da visita foi as primeiras edições de Dracula e das Viagens de Gulliver. Aqui faço uma observação bem tosca. Confesso que comecei a escrever esse post no dia em que lá estive, mas como vocês puderam perceber não consegui terminar a tempo. Até tentei rescrevê-lo agora, mas perdi o fio da meada. Sei que deveria me sentir envergonhada ao fazer tal comentário ridículo e talvez até desistir de vez em postar isso aqui, mas não, resolvi mantê-lo. Dessa forma vocês podem ver a primeira edição de Dracula ao menos. Quão emocionante é isso, hã?!


(Apenas 3 dias após, acabei indo ao meu segundo museu aqui. Na verdade foi uma galeria, a National Gallery of Ireland. Também gratuita. Foram pinturas e esculturas. Nada de muito especial, pois não é o que eles sabem fazer de melhor. No entanto, como em todos os outros lugares há sempre os artistas-chamarizes, Caravaggio, Picasso, Monet e amigos. Ok, não vou tirar o brilho dos irlandeses. Foi interessante ver a vida irlandesa sob um ponto de vista irlandês e em diferentes épocas. O prédio também não passa despercebido. Uma mistura de antigo e moderno. Interessantíssimo eu diria.)

Já que nada aqui faz mais sentido e o espiríto do post anterior foi resgatado, vou fazer a inclusão de um item de grande importância esquecido. O Titanic. Sim, o tal barquinho foi construído na Irlanda. Ok, na Irlanda do Norte que faz parte do Reino Unido, mas ainda assim é parte da mesma ilha, do mesmo povo, bebem da mesma cerveja e blá-blá-blá. Pouco importa. A questão é que o barquinho saiu de Bellfast, foi pra Liverpool, voltou pra Irlanda (na cidade de Cork, no sul do país), fez sua última parada lá e partiu para nunca mais voltar. E digo mais, o Jack era um irlandês (!!!). Nunca havia visto isso antes com esses olhos.


Belfast Habour
(o buraco onde o Titanic foi construído)


só como curiosidade, no tal buraco cabem 26 ônibus londrinos

beijinhos desnorteados,
Ellen

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Made in Ireland

Já que ninguém se faz mais presente aqui, me dou o direito de mudar momentaneamente de assunto. Não, não estou reclamando. Sei que tenho grande parcela de culpa na dispersão de vocês, mas tenho que confessar que tinha algum tipo de esperança. Aliás, ainda tenho.

Como toda aula de inglês, não importa onde, hoje tivemos uma música. Como não entendo bulhufas sobre o assunto, só sei reconhecer aquilo que eu gosto e aquilo que eu não gosto. Simples assim. Como diriam os irlandeses, a música em questão it´s not my cup of tea, mas dá pra escutar.


The man who can´t be moved (The Scripts)

Assim como os pôneis de Connemara, já havia ouvido essa música em algum momento da minha vida. Para não dizer em vários, creio eu. E se não estou enganada, acho que é meio sucessozinho do momento, não?! Digo isso pois estou desprovida de rádio por essas bandas, logo, como saberia eu da música se não a tivesse escutado pelo mundo afora?! Enfim...para minha surpresa descobri que o sofrido-trio é irlandês! Ou mais especificamente, eles são dublinenses. Há! Que mundo mais pequeno esse. Envolta por esse clima de descoberta e relembrando as palavras que meu irmão (o mesmo que me alertou sobre os pôneis) um dia disse quando contei a origem irlandesa do Halloween e mais algumas coisas conhecidas por todos que são originárias também daqui, resolvi parar para pensar seriamente nisso tudo. E diria que ele tem razão. Há sempre um irlandês por trás de tudo.

Coisas famosas e que são irlandesas: (as quais me lembro no momento)
- o Halloween (sim, foram eles os pioneiros da abóbora iluminada)
- o Dracula (não a pessoa Dracula em si, mas quem o escreveu era irlandês - Bram Stroker. Pasme!)
- My fair lady (um dos musicais mais famosos da Broadway foi escrito por Bernard Shaw, que era dublinense!)
- o sapateado (aquela dancinha de bater os pés, sabem?! Até eu fiz alguns anos de sapateado na minha mocidade. Então, surgiu aqui.)
- Whiskey in the jar (a tal música que ficou famosa pelo Metallica, não é do Metallica. É uma antiga e tradicional canção irlandesa)
- Oscar Wilde (escritor famoso. Se não o conhecerem, acredito que ao menos ouvirem falar de O Retrato de Dorian Gray vocês já ouviram)
- James Joyce (outro escritor...Aliás, a Irlanda é muito ligada a literatura)
- os leprechauns (os tais homenzinhos de verde que moram no final do arco-íris e ao lado do pote de ouro. Sim, eles são criação do folclore irlandês)
- U2 (que novidade!)
- The Corrs
- The Cranberries
- Enya
- Westilfe (eles têm até boyband)
- Colin Farrell (aquele ator cheio de graça)
- Pierce Brosnan (até o 007 era irlandês!!! )
- ah, e a Grace Kelly é meio irlandesa. Ela nasceu nos EUA, pois seus pais (irlandeses) imigraram para lá junto com a família. Muitos a chamam de irish-american...Bom, nesse caso eu acho que são os irlandeses que tentam fazer dela uma irlandesa também.
(...)

Confesso que fiquei boquiaberta com várias das informações acima quando as recebi. E tenho certeza de que essa lista é irrisória perto do que um irlandês pode fazer. Definitivamente, eu gosto desse povo!

beijos em formatos de trevo,
Ellen

P.S. Sabia que minha esperança não era em vão. Mal terminei de escrever e já recebi manifestações. Agora sei que não estou sozinha! E digo mais, ou ganhei um novo leitor-sem-nome ou algum de vocês esqueceu de assinar. Em ambas situações, fico feliz! =)

domingo, 23 de novembro de 2008

Parte 2 - Set off

(...continuando)

Day 3
Ir para o lado oeste da Irlanda exige um pouquinho mais de tempo. Ao total foram umas 3h para chegar em Galway. Ok, não é nada se considerarmos que nesse tempo atravessamos o país. Se não estou enganada Galway é a segunda maior cidade da Irlanda. E também disputada por todos. É a cidade universitária daqui. E sabe aquelas listas do que fazer, onde comer e blá-blá-blá?! Então, por aqueles lados, o Cliff of Moher (pode-se chamá-lo também de penhasco) é o queridinho. Só que contrariando a tudo e a todos, nós não fomos. Não deu tempo. Fomos dar umas voltas mais alternativas pela região e por lá ficamos. Sem arrependimentos.


Um pouco mais pro lado oeste de Galway, fica a região de Connemara. Foi para lá que fomos. Não sei se faz parte do subconsciente coletivo, mas lá é a terra dos famosos pôneis de Connemara (há!). Sinceramente, nem eu me lembrava que tinha essa informação dentro de mim. Tudo bem que minha memória não é lá aquelas coisas. Sabia que os tais pôneis existiam e só. Agora quem eram eles e pra que serviam, nunca refleti profundamente. Meu irmão me ajudou a reviver essa informação. E não é que no meio do caminho encontramos não um, mas sim vários deles! Estava tendo uma exposição em alguma cidadezinha por aqueles lados. Foi algo emocionante. Como a Irlanda tem se revelado um habitat natural para os mais variados animais, claro que não encontramos só os pôneis. Pelo meio do caminho, nos deparamos com milhares e milhares de ovelhas pastando. Algumas estavam em lugares curiosos e pouco prático para se alimentarem, mas enfim. Dizem que elas são estúpidas. Eu as acho engraçadinhas. Levaria uma comigo de volta, fácil. Elas são cheia de estilo e cada uma é de uma cor. Isso porque elas costumam pastar todas juntas, e na hora de separá-las, isso ajuda a identificar quem é de quem. Todas as estradas no interior são de mão única e as vezes vão se estreitando. Para ajudar, há sempre uma ou duas ou três ovelhas-colorida andando por ela. Quando não, algum boi bizarro (vide abaixo).

a tranquilidade de um pônei de Connemara e seu dono


várias versões dos pôneis de Connemara


há!

criatura adorável


o boi
( estranho, hã?!)

Já que caminho estreito é bobagem, resolvemos pegar a Sky Road. Ela começa na cidade de Clifden. São 11km num penhasco a beira mar (sim, o Oceano Atlântico finalmente!!!). Ou seja, por estarmos na mão inglesa, o carro vai sempre do lado esquerdo e o motorista do lado direito. Logo, quem estava lá na janelinha?! Eu! Aquela combinação de altura+água+vento-da-montanha+carro me deixou perturbada. Foram 11km rezando para não ser o caminho do céu, literalmente. Que piadinha fantástica. Nem preciso dizer que a vista era pra lá de bacaninha né?! Diria que foi mais do que suficiente para me fazer olhar lá pra baixo. No final e mais alguns quilômetros a frente, estavamos na cidade de Letterfrack. Do lado fica o Connemara National Park e como já disse antes, parque aqui é eufemismo. Para se ter uma idéia, no "parque" ficam as dozes famosas montanhas (!!!) da Irlanda, conhecidas como Twelve Bens. De lá, fomos para a Kylemore Abbey. É quase um castelo na beira de um imenso lago e de frente para uma das doze montanhas. Na 2a. Guerra Mundial, algumas freiras belgas, fugindo, fizeram de lá abadia. Hoje é um internato para moças (!). Esse deve ser eficaz.



Sky Road e o oceano Atlântico





quase que o final


Kylemore Abbey


árvore que gostei no lago Kylemore

Claro que por estarmos na Irlanda, uma hora ou outra iria chover. Só que estava tão frio, mas tão frio que a chuva congelou. Poético, hã?! Foi aí que eu vi a minha primeira quase-neve irlandesa.

(próxima parada: França!)
beijinhos na esquerda,
Ellen

P.S.1 Ainda intrigada com a história dos pôneis de Connemara, acabo de descobrir que eles existem há mais de 2.500 anos! Óbvio que não os mesmos. Drr.
P.S.2 Para quem não sabe, o gaélico é a língua original da Irlanda. No entanto, hoje em dia quase todos falam em inglês. Há alguns que ainda resistem e esse em sua maioria estão no oeste da Irlanda, como em alguns lugares perto de Galway, por exemplo.
P.S.3 Na Irlanda há mais ovelhas que habitantes.
P.S.4 Alguém ainda lê isso daqui?!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Part 1 - Set off

Sei que prometi mundos e fundos, mas ainda não será dessa vez que abordarei os tais assuntos. Acho que nunca comentei sobre os lugares fora-condado-de-Dublin que visitei, então, acabo de resolver que irei compartilhar alguns dos belos momentos que vivi (?!) nos últimos tempos. Espero que não desanpotá-los com a mudança. E não, não me esqueci dos tópicos prometidos. Ficam ainda como cenas para os próximos capítulos.

Já disse e repito que Paris foi mais do que jóia. Porém, antes de me enveredar por essas bandas, vamos a ordem cronológica e geográfica dos fatos recentes. Primeiro, a Irlanda.

Dublin em família
Assim que meu trio de família chegou já puderam sentir a tal brisa de quase- inverno. Como estava frio! Sem dúvida foi a semana mais fria desde que cheguei. Que sorte a deles. Logo de cara, mamãe já travou uma batalha com seu guarda-chuva. Eu digo que é difícil. Depois de meses e de várias tentativas, eu desisti de usá-lo e também passei a entender porque os irlandeses não o usam sob nenhuma circunstância. Aliás, acho que eles possuem algo como escamas ou penas no lugar da pele. São insensíveis ao frio e, muito provavelmente, também impermeáveis. Prova disso são os mini-micro-vestidos e sandálias-de-dedos-de-fora que as irlandesas usam a uma temperatura de 2 graus (acho que já mencionei sobre isso antes, mas é que realmente impressiona) e os finos-e-simbólicos suéteres que os homens vestem. Outra prova, são os pontos de ônibus. Numa cidade que chove 360 dias por ano, todos eles são descobertos. Estranho, hã?! Ok, não sejamos exagerados. O meu ex-ponto de ônibus da minha ex-casa era coberto. Pelo menos um. Enfim. Ainda no aeroporto, alugamos um carro e ganhamos um novo integrante: um GPS falante que se mostrou mulher. Sim, a voz era feminina (e também um pouco fanha ao dizer o número 50, diga-se de passagem). Isso acabou me deixando intrigada. Afinal, o fazia praticamente-uma-mulher dando instruções sobre direções? Há! Ponto pra gente. Que coisa sensacional. Tecnologia é um negócio muito bacana. Eu fiquei encantada. Teria um GPS falante implantado em mim. Orientados pela nossa nova amiga de infância, chamada agora de Portuga, chegamos ao hotel e que por feliz coincidência, ficava em frente ao meu buraco-apartamento e conjugado ao pub-vermelho. Eu digo que temos tudo por aqui, só falta alguns metros quadrados dentro de casa. Para encerrar a noite e começar a viagem de quase-quatro dias por aqui, tomamos a boa pint de Guinness no Mother Reilley´s (ou F*), o tal pub vermelho.

Além de começar a viagem, resolvi dar início aos meus dias de princesa também. Mudei-me temporariamente para o hotel e em quatro dias tomei uns oito banhos. Que chuveiro espetacular e que quantidade de água! Nada de cordinhas-retrô para ligá-lo. Sentia falta de uma torneira.

Day 1
Como era de se esperar tivemos nosso Irish breakfast. Além de asseada, fui também bem alimentada todos esses dias. Demos umas voltinhas turísticas por Dublin e como já disse a vocês, embora haja uma galera morando por aqui (aprox. 1,5 milhões), Dublin tem cara de cidade pequena. É praticamente Jaú com um ar mais medieval e umas coisinhas e detalhezinhos a mais. Ah, lembram do Phoenix Park, o tal do maior parque urbano?! Houve um momento gracioso e de intenso contato com a vida selvagem dublinense. Vimos cervos-renas-viadinhos-seja-lá-o-que-for. Há milhares que moram lá. Foi a primeira vez que os vi. Foi sublime! Aqui faço uma observação, Dublin possui animais interessantes pela cidade. Há os tais cervos no parque, há aranhas andando pelas ruas como se fossem formigas (não é tipo um ataque e elas não andam em bando. Só vi algumas avulsas caminhando calmamente. Acho que elas são do bem, creio), há gansos loucos e enormes num canal que corta a cidade, o Grand Canal, e também há patos de cabeça verde. Selvagem, não?! Já podendo sermos chamados de dublinenses, deixamos a capital e fomos para a costa. Lembram das cidades-vilas-pertences-de-Dublin-etc que eu ia de trem? Pois lá fomos nós e tenho que dizer que de carro é completamente diferente. Leva coisa de 10-15 minutos. Impressionante. Nem eu tinha essa idéia de ser tão próximo. Fomos a Bray e Dun Laoghaire (leia-se Dun Líre e não me perguntem o porquê). Se na cidade estava frio, imagem na beira do mar. Foi congelante. E ainda assim havia alguns humanos-atrevidos nadando por lá. Gente doida. E não é porque cresci sob o sol de 32 graus é que sinto mais frio. Realmente estava. Fomos as feiras locais e vi pela primeira vez uma macieira. Tão bonita. Fiz até um novo amigo, um cachorro-mala que passou a me seguir. Na volta até que tentamos encontrar a casa de Bono Vox, mas nem a nossa GPS conseguiu nos ajudar. Ele mora numa dessas vilas-cidades-pertences-de-Dublin chamada Kildare. Fica perto de Bray. A única coisa que sabíamos era que havia um portão preto gigante com coisas escritas nele, mas não sabíamos exatamente o quê. Provavelmente nada como Seja bem vindo a casa de Bono Vox. Talvez fossem letras de suas músicas. Talvez frases prontas de Ghandi. Talvez mandingas para afastar as pessoas. Ou talvez nomes feios em gaélico. Vai saber. Obviamente, não ficamos olhando de portão e portão. E nem adiantou também procurar pela maior casa do lugar, todas eram suficientemente grandes para serem chamadas de dele. Ah, a Enya (a cantora da hora de dormir) também mora lá. A noite, terminamos no Temple Bar ao som de irish music.


meus brotos
(vale destacar que o café irlandês é horrível, é o famoso água suja)


Irish Breakfast
(linguiça de porco, bacon de verdade em fatias, ovos, cogumelos - ou as vezes tomate asssado - black pudding, white pudding, chá ou café e torrada)


o Erik do lado de lá e a Portuga na parte superior


as renas irlandesas


algum escamoso


a macieira


Dad no Temple Bar

*Longe de querer subestimar o conhecimento geográfico de vocês ou o grau de assimilação, mas segue um mapinha da Irlanda para ajudá-los a entender o caminho das coisas.

Day 2
No dia seguinte, fomos a lugares nunca antes visitados. Começamos por Glendalough (leia-se Glendalóc e traduza-se por “o vale dos dois lagos”). Fica a uns 50 km ao sul de Dublin no condado de Wicklow. Superficializando as coisas, posso dizer que se trata de ruínas de um antigo monastério. Aliás, de fato é. Dizem que os monastérios eram os centros mais povoados da Irlanda antes que os vikings começassem a fundar as cidades. Não que eu seja das mais conhecedoras da história, mas para aqueles que são piores do que eu, vale a dica de que monastérios eram como pequenas vilas cheias de monges e cultura a oferecer. Essa em questão foi fundada por St. Kevin no século VI. Fica no meio de um lugar absurdamente bonito e gelado. Há ruínas por todos os lados e um gigante cemitério celta. Tenho dizer que é um pouco perturbador, pois é tão antigo, mas tão antigo que algumas tumbas já nem tem mais lápides ou algo escrito. Ou seja, a sensação é que você caminha sobre corpos em alguns momentos. Algo bem espiritual eu diria. E foi lá que vi as minhas primeiras cruzes celtas na Irlanda.


excesso de zelo


Glendalough e a Torre Circular ao fundo


entrada do monastério


cruz celta


Torre Circular (que nome didático!)
(lá ficava guardado o sino e sevia de refúgio contra os ataques vikings. Estão vendo essa janelinha?! Então, é a porta. Ela fica 4m acima do solo e era alcançada por uma escada. Claro! Hoje, diz a lenda que o casal que dá 3 voltas nela ficam juntos para sempre. Só descobri isso depois e espero não ter dado as voltas com a minha mãe, senão terei assinado minha condição de tia para o resto de minha vida )


o que restou de uma das Igrejas mais antigas do mundo já descoberta
(ano 1200 e alguma coisa)

De lá fomos para o Wicklow Gap. Para aqueles que assistiram P.S I Love You, lembram do Wicklow Mountains National Park quando ela está perdida com suas roupas coloridas?! Então...é por esses lados. Para ser exata, a estrada que pegamos passa pelo meio do parque, ainda que um pedaço. Para os que não assistiram ao filme, eu recomendo e também aproveito para dizer que parques na Irlanda pode ter um significado diferente. É algo muito grande. Nada de Ibirapuera ou hortos florestais. Não há limites. É quase que como chamarmos a Amazônia de parque. Não conseguimos ficar por muito tempo lá, pois o frio estava mais do que insuportável. Numa parte alta onde se podia ver um vale gigante e digno de livro de fotos, o vento instigava a voar. Embora quase tenha perdido o movimento das minhas mãos e pernas, a visa valeu a pena.


Wicklow Gap


cervos e ovelhas
(os animais selvagens estão por todos os lugares)

*Coisas de Wicklow: a água usada na fabricação da Guinness vem das famosas Wicklow Mountains.

Rumo bem mais ao sul, um lugar chamado Kilkenny (aprox. 120km de Dublin), passamos por várias cidadezinhas-vilas irlandesas. Todas seguem mais ou menos o mesmo estilo. Casinhas charmosinhas, algum açougue com vitrine, a Igreja principal, as vezes algumas ruínas e pubs e mais pubs. É um estilo de vida a se pensar. Kilkenny é uma das cidades que todos querem ir quando vem para cá. Tem lá seus encantos, mas não é prioridade de lugares a se visitar. Há três coisas que chamam a atenção por lá: a cerveja que leva o mesmo nome da cidade e vocês já devem ter ouvido falar (além do mesmo nome, possui a mesma fama da cidade – não é ruim, mas também não é aquelas coisas. Há melhores.), o time campeão-e-imbatível de hurling* e o Kilkenny Castle do século 14. Ok, o castelo não fui eu quem disse. É o chamariz da cidade. Ele é suficientemente grande com um imenso jardim, mas não tocou meu coração. E por ser o must-see não havia mais horários disponíveis para as visitas internas. Ou seja, não saberei tão cedo se teria minha opinião mudada. Eu acho que não. Muita coisa foi reformada e perdeu aquele ar de “o último que sentou aqui foi St. Kevin ou sei lá quem”. O interessante foi que o auge do castelo foi com a família Butlers, a qual a princesa Diana descende. Eles moraram por lá de 1391 a 1935. E em 1967 eles o venderam ao governo por 50 libras. Uma pechincha! O dia fomos era Bank Holiday na Irlanda. E claro, todos não só querem como de fato vão para lá. A cidade estava lotada, sem vagas para estacionar (!) e muitas coisas fechadas, incluindo alguns pubs. Por sorte, acabamos por achar um ótimo. Tive um dos meus melhores almoços desde que cheguei aqui, incluindo as batatas. Sensacionais!


Kilkenny Castle


Kilkenny city

*Coisas de Kilkenny: hurling é um dos esportes favoritos dos irlandeses. É algo muito doido e do mal. Uma mistura de lesca com handball. Ou hockey com rugby. Eles usam tacos e bolinhas-quase-que-de-tênis, ou seja, percebe-se o estrago que pode causar. O time de Kilkenny, os Cats, foi o campeão pelo 3o. ano seguido esse ano. Eles vão a loucura. A cidade toda é decorada com bandeiras ou coisas da cor do time, amarelo e preto. Só não descobri ainda o porque do apelido Cats.

(continua...)


P.S. Queridos, por dois motivos resolvi dar continuidade depois. Ainda tenho muitas coisas a dizer, mas iria ficar muito longo. Então vamos por doses. Além disso, se eu não me obrigar a postar agora, sei que esse texto acabará como mais um dos meus rascunhos. Então, fico devendo o oeste da Irlanda e a França. Eles já estão a caminho. Até o final da semana dou o resto das notícias. De verdade.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Encontros e desencontros

Depois de um curto período de abstinência estou de volta. Não, não me joguei da Torre Eiffel (!). Confesso que também fiquei preocupada com o silêncio coletivo de vocês durante esse período e até me passou pela cabeça se é que alguém notou que nem por aqui eu estive. Ok, estou quase certa de que isso aconteceu, mas deixemos de lado.

Paris foi mais do que jóia! Eita cidade bonita...como disse um dos meus leitores, chama a atenção até dos mais distraídos. Virou um dos meus lugares favoritos. E sem contar que nesse meio tempo pude escutar os comentários peculiares de mamãe, dar uns abrações no meu irmão-mala e o inusitado, até descobrir que papai fala francês. Foi um espetáculo! Sufoquei minha saudade e economizei nos souvenirs-futuros.

Desde que voltei a Dublin tive uma semana agitada. Usufruindo de todos os quitutes e bibelôs brasileiros que mamãe trouxe, introduzi o brazilian way of life para os asiáticos, eslovacos e também irlandeses. Fiz caipirinha, café brasileiro, distribui havaianas, chaveirinhos, as deliciosas trufas da minha tia e também a macadâmia de Dois Córregos. Foi quase que uma overdose cultural e nostálgica (ainda que só para mim). Todos se simpatizam pelo Brasil. Sinto-me querida, ainda que por tabela.

beijos (não mais) recém chegados,
Ellen

P.S. Semana passada acabou o horário de verão aqui e começou no Brasil. Ou seja, agora estamos apenas a 2h de diferença.
P.S. 2 Continuo congelando e o mais improvável, quase sendo levada pelo vento daqui.