quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Part 1 - Set off

Sei que prometi mundos e fundos, mas ainda não será dessa vez que abordarei os tais assuntos. Acho que nunca comentei sobre os lugares fora-condado-de-Dublin que visitei, então, acabo de resolver que irei compartilhar alguns dos belos momentos que vivi (?!) nos últimos tempos. Espero que não desanpotá-los com a mudança. E não, não me esqueci dos tópicos prometidos. Ficam ainda como cenas para os próximos capítulos.

Já disse e repito que Paris foi mais do que jóia. Porém, antes de me enveredar por essas bandas, vamos a ordem cronológica e geográfica dos fatos recentes. Primeiro, a Irlanda.

Dublin em família
Assim que meu trio de família chegou já puderam sentir a tal brisa de quase- inverno. Como estava frio! Sem dúvida foi a semana mais fria desde que cheguei. Que sorte a deles. Logo de cara, mamãe já travou uma batalha com seu guarda-chuva. Eu digo que é difícil. Depois de meses e de várias tentativas, eu desisti de usá-lo e também passei a entender porque os irlandeses não o usam sob nenhuma circunstância. Aliás, acho que eles possuem algo como escamas ou penas no lugar da pele. São insensíveis ao frio e, muito provavelmente, também impermeáveis. Prova disso são os mini-micro-vestidos e sandálias-de-dedos-de-fora que as irlandesas usam a uma temperatura de 2 graus (acho que já mencionei sobre isso antes, mas é que realmente impressiona) e os finos-e-simbólicos suéteres que os homens vestem. Outra prova, são os pontos de ônibus. Numa cidade que chove 360 dias por ano, todos eles são descobertos. Estranho, hã?! Ok, não sejamos exagerados. O meu ex-ponto de ônibus da minha ex-casa era coberto. Pelo menos um. Enfim. Ainda no aeroporto, alugamos um carro e ganhamos um novo integrante: um GPS falante que se mostrou mulher. Sim, a voz era feminina (e também um pouco fanha ao dizer o número 50, diga-se de passagem). Isso acabou me deixando intrigada. Afinal, o fazia praticamente-uma-mulher dando instruções sobre direções? Há! Ponto pra gente. Que coisa sensacional. Tecnologia é um negócio muito bacana. Eu fiquei encantada. Teria um GPS falante implantado em mim. Orientados pela nossa nova amiga de infância, chamada agora de Portuga, chegamos ao hotel e que por feliz coincidência, ficava em frente ao meu buraco-apartamento e conjugado ao pub-vermelho. Eu digo que temos tudo por aqui, só falta alguns metros quadrados dentro de casa. Para encerrar a noite e começar a viagem de quase-quatro dias por aqui, tomamos a boa pint de Guinness no Mother Reilley´s (ou F*), o tal pub vermelho.

Além de começar a viagem, resolvi dar início aos meus dias de princesa também. Mudei-me temporariamente para o hotel e em quatro dias tomei uns oito banhos. Que chuveiro espetacular e que quantidade de água! Nada de cordinhas-retrô para ligá-lo. Sentia falta de uma torneira.

Day 1
Como era de se esperar tivemos nosso Irish breakfast. Além de asseada, fui também bem alimentada todos esses dias. Demos umas voltinhas turísticas por Dublin e como já disse a vocês, embora haja uma galera morando por aqui (aprox. 1,5 milhões), Dublin tem cara de cidade pequena. É praticamente Jaú com um ar mais medieval e umas coisinhas e detalhezinhos a mais. Ah, lembram do Phoenix Park, o tal do maior parque urbano?! Houve um momento gracioso e de intenso contato com a vida selvagem dublinense. Vimos cervos-renas-viadinhos-seja-lá-o-que-for. Há milhares que moram lá. Foi a primeira vez que os vi. Foi sublime! Aqui faço uma observação, Dublin possui animais interessantes pela cidade. Há os tais cervos no parque, há aranhas andando pelas ruas como se fossem formigas (não é tipo um ataque e elas não andam em bando. Só vi algumas avulsas caminhando calmamente. Acho que elas são do bem, creio), há gansos loucos e enormes num canal que corta a cidade, o Grand Canal, e também há patos de cabeça verde. Selvagem, não?! Já podendo sermos chamados de dublinenses, deixamos a capital e fomos para a costa. Lembram das cidades-vilas-pertences-de-Dublin-etc que eu ia de trem? Pois lá fomos nós e tenho que dizer que de carro é completamente diferente. Leva coisa de 10-15 minutos. Impressionante. Nem eu tinha essa idéia de ser tão próximo. Fomos a Bray e Dun Laoghaire (leia-se Dun Líre e não me perguntem o porquê). Se na cidade estava frio, imagem na beira do mar. Foi congelante. E ainda assim havia alguns humanos-atrevidos nadando por lá. Gente doida. E não é porque cresci sob o sol de 32 graus é que sinto mais frio. Realmente estava. Fomos as feiras locais e vi pela primeira vez uma macieira. Tão bonita. Fiz até um novo amigo, um cachorro-mala que passou a me seguir. Na volta até que tentamos encontrar a casa de Bono Vox, mas nem a nossa GPS conseguiu nos ajudar. Ele mora numa dessas vilas-cidades-pertences-de-Dublin chamada Kildare. Fica perto de Bray. A única coisa que sabíamos era que havia um portão preto gigante com coisas escritas nele, mas não sabíamos exatamente o quê. Provavelmente nada como Seja bem vindo a casa de Bono Vox. Talvez fossem letras de suas músicas. Talvez frases prontas de Ghandi. Talvez mandingas para afastar as pessoas. Ou talvez nomes feios em gaélico. Vai saber. Obviamente, não ficamos olhando de portão e portão. E nem adiantou também procurar pela maior casa do lugar, todas eram suficientemente grandes para serem chamadas de dele. Ah, a Enya (a cantora da hora de dormir) também mora lá. A noite, terminamos no Temple Bar ao som de irish music.


meus brotos
(vale destacar que o café irlandês é horrível, é o famoso água suja)


Irish Breakfast
(linguiça de porco, bacon de verdade em fatias, ovos, cogumelos - ou as vezes tomate asssado - black pudding, white pudding, chá ou café e torrada)


o Erik do lado de lá e a Portuga na parte superior


as renas irlandesas


algum escamoso


a macieira


Dad no Temple Bar

*Longe de querer subestimar o conhecimento geográfico de vocês ou o grau de assimilação, mas segue um mapinha da Irlanda para ajudá-los a entender o caminho das coisas.

Day 2
No dia seguinte, fomos a lugares nunca antes visitados. Começamos por Glendalough (leia-se Glendalóc e traduza-se por “o vale dos dois lagos”). Fica a uns 50 km ao sul de Dublin no condado de Wicklow. Superficializando as coisas, posso dizer que se trata de ruínas de um antigo monastério. Aliás, de fato é. Dizem que os monastérios eram os centros mais povoados da Irlanda antes que os vikings começassem a fundar as cidades. Não que eu seja das mais conhecedoras da história, mas para aqueles que são piores do que eu, vale a dica de que monastérios eram como pequenas vilas cheias de monges e cultura a oferecer. Essa em questão foi fundada por St. Kevin no século VI. Fica no meio de um lugar absurdamente bonito e gelado. Há ruínas por todos os lados e um gigante cemitério celta. Tenho dizer que é um pouco perturbador, pois é tão antigo, mas tão antigo que algumas tumbas já nem tem mais lápides ou algo escrito. Ou seja, a sensação é que você caminha sobre corpos em alguns momentos. Algo bem espiritual eu diria. E foi lá que vi as minhas primeiras cruzes celtas na Irlanda.


excesso de zelo


Glendalough e a Torre Circular ao fundo


entrada do monastério


cruz celta


Torre Circular (que nome didático!)
(lá ficava guardado o sino e sevia de refúgio contra os ataques vikings. Estão vendo essa janelinha?! Então, é a porta. Ela fica 4m acima do solo e era alcançada por uma escada. Claro! Hoje, diz a lenda que o casal que dá 3 voltas nela ficam juntos para sempre. Só descobri isso depois e espero não ter dado as voltas com a minha mãe, senão terei assinado minha condição de tia para o resto de minha vida )


o que restou de uma das Igrejas mais antigas do mundo já descoberta
(ano 1200 e alguma coisa)

De lá fomos para o Wicklow Gap. Para aqueles que assistiram P.S I Love You, lembram do Wicklow Mountains National Park quando ela está perdida com suas roupas coloridas?! Então...é por esses lados. Para ser exata, a estrada que pegamos passa pelo meio do parque, ainda que um pedaço. Para os que não assistiram ao filme, eu recomendo e também aproveito para dizer que parques na Irlanda pode ter um significado diferente. É algo muito grande. Nada de Ibirapuera ou hortos florestais. Não há limites. É quase que como chamarmos a Amazônia de parque. Não conseguimos ficar por muito tempo lá, pois o frio estava mais do que insuportável. Numa parte alta onde se podia ver um vale gigante e digno de livro de fotos, o vento instigava a voar. Embora quase tenha perdido o movimento das minhas mãos e pernas, a visa valeu a pena.


Wicklow Gap


cervos e ovelhas
(os animais selvagens estão por todos os lugares)

*Coisas de Wicklow: a água usada na fabricação da Guinness vem das famosas Wicklow Mountains.

Rumo bem mais ao sul, um lugar chamado Kilkenny (aprox. 120km de Dublin), passamos por várias cidadezinhas-vilas irlandesas. Todas seguem mais ou menos o mesmo estilo. Casinhas charmosinhas, algum açougue com vitrine, a Igreja principal, as vezes algumas ruínas e pubs e mais pubs. É um estilo de vida a se pensar. Kilkenny é uma das cidades que todos querem ir quando vem para cá. Tem lá seus encantos, mas não é prioridade de lugares a se visitar. Há três coisas que chamam a atenção por lá: a cerveja que leva o mesmo nome da cidade e vocês já devem ter ouvido falar (além do mesmo nome, possui a mesma fama da cidade – não é ruim, mas também não é aquelas coisas. Há melhores.), o time campeão-e-imbatível de hurling* e o Kilkenny Castle do século 14. Ok, o castelo não fui eu quem disse. É o chamariz da cidade. Ele é suficientemente grande com um imenso jardim, mas não tocou meu coração. E por ser o must-see não havia mais horários disponíveis para as visitas internas. Ou seja, não saberei tão cedo se teria minha opinião mudada. Eu acho que não. Muita coisa foi reformada e perdeu aquele ar de “o último que sentou aqui foi St. Kevin ou sei lá quem”. O interessante foi que o auge do castelo foi com a família Butlers, a qual a princesa Diana descende. Eles moraram por lá de 1391 a 1935. E em 1967 eles o venderam ao governo por 50 libras. Uma pechincha! O dia fomos era Bank Holiday na Irlanda. E claro, todos não só querem como de fato vão para lá. A cidade estava lotada, sem vagas para estacionar (!) e muitas coisas fechadas, incluindo alguns pubs. Por sorte, acabamos por achar um ótimo. Tive um dos meus melhores almoços desde que cheguei aqui, incluindo as batatas. Sensacionais!


Kilkenny Castle


Kilkenny city

*Coisas de Kilkenny: hurling é um dos esportes favoritos dos irlandeses. É algo muito doido e do mal. Uma mistura de lesca com handball. Ou hockey com rugby. Eles usam tacos e bolinhas-quase-que-de-tênis, ou seja, percebe-se o estrago que pode causar. O time de Kilkenny, os Cats, foi o campeão pelo 3o. ano seguido esse ano. Eles vão a loucura. A cidade toda é decorada com bandeiras ou coisas da cor do time, amarelo e preto. Só não descobri ainda o porque do apelido Cats.

(continua...)


P.S. Queridos, por dois motivos resolvi dar continuidade depois. Ainda tenho muitas coisas a dizer, mas iria ficar muito longo. Então vamos por doses. Além disso, se eu não me obrigar a postar agora, sei que esse texto acabará como mais um dos meus rascunhos. Então, fico devendo o oeste da Irlanda e a França. Eles já estão a caminho. Até o final da semana dou o resto das notícias. De verdade.

Um comentário:

  1. Ellen ficou muito legal as fotos,Deu p/sentir saudades.Já estou com vontade de voltar.Bjus.

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