terça-feira, 14 de outubro de 2008

Simple life

Sei que me estendi por demais na última vez em que estive por aqui. Diria que foi uma síntese dos últimos meses que não me fiz tão presente, mas dessa vez serei mais breve. E também tenho fotos. Muitas fotos.

Aos que não resistiram até o final do último post, digo que estou de casa nova. Sim, mais uma vez. Sabe aquela bonita canção era uma casa uma engraçada, não tinha teto, não tinha nada..? Então minha nova casa é mais ou menos assim. Quer dizer, tenho um teto, mas não tinha chão até semana passada. Digo, o carpete. No lugar, havia papelões que nos obrigava a usar tênis todo o tempo. E?! E também não não sei porque digo isso, enfim.



o começo

O apartamento fica no meio de um centrinho comercial de um bairro bem bacaninha de Dublin. Tudo muito charmosinho e acessível. Aqui há um pouco de tudo, restaurantes, cafés, lojas, supermercados, correio, farmácias e blá-blá-blá. Exceto pubs, pois não há um pouco, mas sim milhares e milhares deles. Nosso convenientemente-favorito é um vermelhinho que fica exatamente em frente a nossa casa-prédio. É só abrir nossa porta, olhar para os lados, cruzar a rua e ulala. Segundo John-e/ou-Tom, o tiozinho-irlandês-de-cara-vermelha-e-também-proprietário-da-casa, é onde há uma das boas pints* de Guinness em Dublin. Que assim seja! Outro lugar que merece destaque é um restaurante chinês a três casas e dois estabelecimentos comerciais de nosso lar. Carinhosamente, eu o chamo de "Little China". Como um bom chinês, é pouco-limpo e o atendimento é jóia. Quando a comida está pronta a tiazinha-china-do-balcão grita quase-que-simpaticamente Ladies! e lá vamos nós. Inexiste a possibilidade de eles levaram até mesa. Ainda assim, sempre vamos lá. A comida é boa e barata.







Mother Relly´s (ou Mother Fu...)




fazendo tapetes


essa é a Tina

Agora moro numa casa de arquitetura típica irlandesa, e também de porta vermelha. Não, não moro na casa toda. Ocupo apenas um simbólico buraco chamado de flat ao lado do que chamam de lavanderia. Isso por que a maioria dessas casas são feitas de prédios hoje em dia. Aqui moramos somente eu e a Tina, até mesmo porque seria impossível fazer caber mais uma pessoa. Eu a chamo de holemate. Diria que é um apartamento compacto de três cômodos. Logicamente temos o banheiro em um, o quarto com as duas camas e um guarda-roupa em outro, e por fim, o hall de entrada, a sala de TV, a cozinha e a sala de jantar no outro cômodo. É super prático e de fácil acesso! Dá para cozinhar sentada no sofá. Assim como assistir TV, comer, estudar, pegar algo na geladeira e etc.



número 47


visão geral
(hall de entrada e ao longe o quarto e/ou fim do apartamento)


sala de TV


o sofá da sala de TV


sala de jantar


cozinha
(ainda não conseguimos ficar as duas ao mesmo tempo na cozinha)


a cozinha vista por um lado prático


como diria os amigos da rainha, mind the gap

Como é de praxe por aqui, alugamos o apartamento imobiliado. E ainda por cima, ganhamos duas camas novas de solteiro que mal cabem no quarto, já que a antiga era de casal. É muito equipado. Há televisão com doze canais, microondas, ferro de passar (!), garrafa elétrica para aquecer água (depois da máquina de lavar louças que eu não tenho mais aqui, essa é umas das coisas que mais gosto), forno-fogão-e-exaustor (tudo bem que jamais me atreveria fritar algo aqui, pois é alto o risco de incêndio) e como extra, temos um lindo relógio em forma de girassol cujo ponteiro é uma linda e glamourosa borboleta rosa-desbotada. A Tina a chama de Cecile. Além de todos os aparatos tecnológicos, agora também temos pratos, tigelas e talheres, ainda que sendo dois de cada. Os pais da Tina vieram passar alguns dias em Dublin e entre os comes e bebes eslovacos que nos trouxeram, estavam nossos aparatos. Agora só nos falta panelas.






a cômoda da sala (?!)


Cecile




beautiful




comes e bebes diretos da Eslováquia
(é um dos melhores biscoitinhos que já comi)

Embora seja tudo muito charmosamente-fim-de-carreira por aqui, o sistema elétrico da casa é o que se sobressai. Não temos contas a pagar. É óbvio que pagamos pela energia, mas de uma maneira alternativa e rudimentar. Dentro do armariozinho da TV há um relógio que mostra o quanto de energia ainda temos disponível. Se o ponteiro estiver próximo do zero é hora de recarregá-lo. Basta apenas colocar moedas de 2 euros e dar corda!!! Simples! E não é piadinha. É assim que pagamos por nossa energia aqui. Sistema ultra-revolucionário. Até agora só ficamos uma vez sem luz. Bom, nem preciso dizer o quão ridículo é sair da casa para contar as moedas sob a luz do hall do prédio. Outra coisa curiosa é ligar o chuveiro. Se antes me causava estranheza apertar Power, aqui tenho que puxar uma cordinha do lado de fora do box. Sim, a cordinha é semelhante aquelas usadas para dar descarga. Agora o que ainda não conseguimos entender, é porque o interruptor da água quente do chuveiro fica na cozinha. Não que seja uma longa caminhada de um lugar para outro. É só algo que nos intriga.


A vizinhança lembra um campo de refugiados em alguns momentos. No apartamento de cima, provavelmente moram alguns árabes/mulçumanos agitados. Isso porque os escutamos rezar de uma maneira talibã algumas vezes e estão sempre andando, desajeitadamente, de um lado para o outro. Quando estão parados normalmente estão cantando. Já ouvimos de tudo, de música árabe até Amy Winehouse. No mesmo andar que o nosso , há uma família. Talvez uma família moderna, pois até agora só sabemos da existência da mãe e da filha pequena e bonitinha. Acredito que elas sejam irlandesas. Suspeitamos também que a mãe é a autora de um recado no hall de entrada que pede aos moradores para fecharem a porta de maneira gentil, pois elas não conseguem dormir. Há ainda a Rebeca, a tal que alugou o porãozinho, a meio lance de escada abaixo. Nunca a vimos. Talvez seja uma inquilina imaginária. No prédio ao lado há uns rapazes egípcios que se tornaram nossos amigos de janela. E por fim, no apartamento atrás do nosso há um ser solitário e misterioso. Ainda não o/a conhecemos, mas sabemos que ele/ela pouco se importa com suas calças e com a boa aparência do local. Dois de seus jeans estão estendidas há dias num varalzinho do lado de fora. Faça chuva ou faça sol.




Ok, se analisarmos com o coração veremos que não é um lugar tão ruim. Tem lá suas peculiaridades e as vezes fica um pouco pequeno demais, mas mesmo assim tem seus encantos.

beijinhos apertados,
Ellen

P.S. Impressionados com minha assiduidade, hã?!
P.S. 2 *Dizem por aqui que para saber se uma pint de Guinness é realmente boa, basta observar se a cada gole ficam marcas de espuma no copo. Ou seja, v. pode fazer uma média de quanto goles são necessários para finalizar uma pint. Confesso que eu ainda não consegui vivenciar essa experiência. Ou sou lerda demais e minha espuma some, ou meus goles são muito pequenos e não há espaço para diferentes linhas de espuma ou tive a infelicidade de só tomar Guinness ruim.
P.S 3 Escrevi há alguns dias atrás, mas só consegui postar hoje. E, as calças ainda continuam lá.

3 comentários:

  1. Prezada Ellen,

    como vai?

    Fiquei imaginando algumas coisas durante seu post.
    Não vejo vc "florida" faz tempo. Onde estão as flores da Irlanda?
    Que tênis mais anos oitenta da sua colega...
    Não use as bocas esquerdas do fogão. O sofá pode pegar fogo.
    Faz tempo que não vejo duas camas de solteiro tão juntas hahahha.
    Achei a casinha MUITO legal. Talvez menos do que vc esperava, porém, vc deve se divertir, ainda assim.
    Anote o nome do bolinho e peça pra Tina mandar pra "vc".
    As calças jeans devem estar passando por um processo novo e demorado de lavagem...
    Espero que vc consiga expulsar a menina do porão para obter mais espaço.

    Beijos

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  2. Querido leitor Zezolino,

    Eu vou bem e você?
    Como dizem por ai, uma andorinha só não faz verão. Trouxe e usei algumas vezes meus acessórios floridos, mas com esse vento eu os aposentei. Parecerei um baiacu tarado e atentando o pudor.
    Agradeço a preocupação com o modo de uso do fogão, mas acredito que não terei problemas. Primeiro pq ainda não tenho panelas para cozinhar e segundo que é elétrico (embora não pareça). Acredito que aqui eles só usem fogo para lareira. Ainda não vi fogões convencionais.
    No fundo a "casinha" é bem bacaninha sim. Eu 'se' divirto horrores, ainda que só de olhar ao redor.
    E sim, pedirei para a Tina. Na verdade é um waffer gigante e contínuo envolto em chocolate. Bom demais. Darei uma mordida do meu pra você.
    No mais, espero que esteja tudo bem e se não desocuparem logo a máquina de lavar e a secadora, disputarei espaço com as calças jeans do meu vizinho (a).
    beijos
    Ellen

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  3. Olha, e o q vejo no comodo da sala..q lindo!

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